30 de maio de 2013

Epifania pós-cólica

Ouvindo: coreanas rindo em coreano

Não sei se existe alguma espécie de crise de tenra idade. Tipo, você pirar por um motivo relacionado a sua idade, que é o que acredito que seja a definição de uma crise de meia-idade.
Se existir algo assim para gente que entrou nos 20 anos, então eu tenho. Não é que eu esteja preocupada com a idade em si, mas acho que aquilo que sinto deve ser comum para pessoas jovens.

O que me acontece é que, como se é de imaginar, a minha vida virou de ponta à cabeça desde que vim para cá. E quando comecei a escrever este post, eu estava sentada em um cantinho da minha sala de Design de Interfaces - que, por acaso, não tem nada a ver com interfaces - frustrada porque minha professora me achava uma brasileira vagabunda. O que eu queria fazer era escrever um longo texto sobre como gente da minha idade costuma se sentir perdida nesse mar de probabilidades.

Mas não é o que vai acontecer. Uma colega me avisou que eu já podia ir embora e eu acabei esquecendo de continuar isto aqui, o que talvez acarretasse em Maio ser um mês sem post no Cookie, o primeiro desde que criei este blog. É engraçado, né? Olhem onde eu estou! Deveria estar fazendo mil posts sobre diversas coisas estranhas e divertidas.

Como eu disse na primeira frase do terceiro parágrafo, que digitei na primeira sessão de escrita deste post, minha vida virou de ponta à cabeça - e sim, era uma piadinha porque estou do outro lado do mundo. Eu gosto de pensar que sou uma pessoa organizadinha, mas desde que vim pra cá me vejo esquecendo coisas, de propósito ou não. Um colega postou no facebook sobre parar tudo e ver se a criança que nós fomos teria orgulho de quem viramos.
Quando paro para pensar nesta questão, eu não sei respondê-la. Não porque esqueci como eu era quando criança. Mas porque, por um tempo, esqueci quem eu era. Essa pessoa que tem surtos, vive num apartamento constantemente desarrumado, se sente infinitamente sozinha e não faz nada dos seus dias não parece comigo ou com a ideia que eu tinha de ser quando pequena.
Eu não sei o que está acontecendo e ia escrever sobre isso e apelidar de crise. Mandaria esse post para amigos e esperaria comentários de pena e camaradagem, para me fazer me sentir melhor.

Mas esses dias eu ando lendo meus antigos tweets e revendo coisas que eram minha fonte de inspiração quando pequena. Eu lembrei de Kaleido Star, da Sailor Moon, de High School Musical, de Pokémon, de Samurai X, de amigos que foram embora para sempre e lembrei de mim. Uma criaturinha pequena e teimosa, que se recusava a ser fraca e a deixar os outros serem. Que não tinha medo de mudar se isso a fizesse melhor.

E eu sei o que eu diria se me visse agora. Eu olharia para todos os lados e perguntaria "legal, o que vai fazer agora?". Tem um mundo de possibilidades lá fora, assim como aqui dentro. Você não precisa vir pro outro lado do mundo pra poder ter uma vida fantástica. Você só precisa pensar qual a próxima coisa que quer fazer e ir lá.

A pequena eu sabia que ainda era limitada por ser só uma criança, mas tinha certeza de que, no futuro, seria linda, amada, produtiva e feliz. Eu tenho 20 anos e tenho um mundo nas minhas mãos.

Ouvindo: 我 (I) - Jolin Tsai